Olhe para dentro de si e cace por um pedaço de mim. Avulso, desvendará com o que lhe é perdição. Oscile-o entre corpo e alma, e se satisfaça a gosto. Molde-o, afeiçoe-o. Como combustível o transponha a ponto de partida. Guie-se vulneravelmente ao que se faz efêmero, abandone imponderadamente o ápice do que se faz costume. Ao deparar-se com os tolos olhos azuis, altere-os, transforme-os. Veja a complexidade do olhar negro que tanto te afaga. Lembre-se minuciosamente de quando fostes meu, somente. Gargalhe do verbo mais ilógico que de minha boca saíste e envolva-se, estigmatize-se. Consegue ouvir? Minha voz como canto suave, exalando ao redor do que lhe é cômodo. Grite o meu nome o mais alto que puder, o mais culminante. Olhe fixamente para o horizonte... consegues ver? Lá eu estarei, inerte. Concretize-me a tudo que lhe for acessível, pois assim o farei. O brilho que de ti reluz me será alimento a essa árdua carência, que governará os seguintes minutos de minha estrada...
– Eu não sei. Talvez em dois dias eu volte.
– Tudo bem, eu te espero.
– Mas... e se eu sentir saudades?
– Ah... me telefona.
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