terça-feira, 31 de agosto de 2010

Descanse em Paz




Um instante e uma canção. Uma lágrima e uma recordação. Os poetas nos ensinam o dever de doação incondicional. Os poetas nos ensinam que não há o amanhã e que amar é preciso. Uma perda, uma dor. Um passado, um presente... um futuro? Peço licença ao meu sadismo e frieza, e me coloco a sentir, a sofrer. Nem que seja até o sono me envolver, mas eu quero e preciso lamentar, esbravejar... chorar. Uma falta de ar e olhos embaçados. Eu faço o respeitoso minuto de silêncio, minha respiração ofegante é o máximo que ouço e aos poucos o High and Dry de Radiohead se esvai. A saudade do que eu não mais verei é angústia... é tortura. Visito o quarto ao lado de minuto em minuto, vejo a mulher da minha vida. Que já dorme inconsolada com uma expressão moída na face. Chego perto, eu preciso sentir sua respiração, é minha única fonte de alívio nesta calorosa madrugada fria. Uma amiga que ainda se vai .. uma amargura que não foi inteiramente sentida, vivida. Ainda há muito pela frente... Que a morte não perpetue sobre nosso telhado, não agora, não nunca. Entre tudo, essa sensação de fraqueza é o que me destrói. Sim, eu preciso de forças. Força para amá-los no hoje. A vida eterna tão negligenciada por mim é o paradoxo que me abranda. Que venha o amanhã, que venha a lembrança coberta por um riso. Uma falta deleitosa de se sentir. Que o dia amanheça e que o tédio se faça presente. Não preciso do surpreendente até que meus olhos se sequem e mirrem. Que o amanhã respeite o meu sofrer, meu Luto.

Texto dedicado à Vera Mattos. Uma Grande mulher que cumpriu sua missão e foi em busca do que acreditou durante toda sua vida.

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